O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (2/4) a imposição de novas tarifas sobre importações de diversos países. Para o Brasil, a taxa será de 10%, mesma alíquota cobrada pelo país sobre produtos norte-americanos, conforme justificativa do governo dos EUA.
A taxação gerou muitas dúvidas, especialmente sobre o impacto desse tarifaço na vida dos brasileiros. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que os efeitos mais imediatos da medida serão sentidos no preço dos produtos importados dos EUA.
O economista Marcos Hanna explica que a alta das tarifas pode gerar um encarecimento imediato de itens como eletrodomésticos, eletrônicos e medicamentos. “Além dos produtos diretamente importados, podemos ver um aumento generalizado da inflação, pois as cadeias produtivas também serão afetadas”, alerta.
Outro fator relevante é a possível desvalorização do real frente ao dólar, o que pode tornar os produtos importados ainda mais caros. “Se houver impacto no mercado de câmbio, a alta de preços pode ir além dos produtos tarifados e afetar diversos setores da economia”, enfatiza Hanna.
O professor de economia Maurício Takahashi reforça que o setor alimentício também pode ser impactado. “Produtos como trigo, carne bovina e óleo de soja, cujos preços são atrelados ao dólar, podem sofrer aumentos. Além disso, setores que dependem de insumos estrangeiros podem repassar esses custos ao consumidor”, explica.
As novas tarifas também podem afetar o mercado de trabalho e a dinâmica das empresas brasileiras. Setores exportadores podem reduzir contratações devido ao aumento dos custos, enquanto outras empresas podem se beneficiar da menor concorrência estrangeira.
“Esse tipo de mudança pode abrir oportunidades inesperadas para empresas que conseguirem adaptar suas cadeias produtivas”, aponta Takahashi.
O aumento das tarifas em 10% no Brasil entrará em vigor nesta sexta-feira (5/4), à 1h01 no horário de Brasília. Donald Trump justificou a decisão afirmando que os Estados Unidos estavam sendo prejudicados por tarifas estrangeiras e que a medida busca fortalecer a indústria doméstica.
O governo brasileiro reagiu afirmando que a tarifa adicional “não reflete a realidade” e estuda medidas para reagir, incluindo uma possível ação na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Outra opção cogitada é a aplicação do Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, aprovado pelo Congresso nesta semana. O texto autoriza o Brasil a impor restrições comerciais a países que adotem medidas prejudiciais ao comércio nacional.
No entanto, nessa quinta-feira (3/4), o vice-presidente Geraldo Alckmin descartou retaliações pelo Projeto de Lei da Reciprocidade, indicando que o Brasil não pretende escalar uma guerra comercial com os EUA.
